A natureza e as esporas (adaptação livre)

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Segundo Charles Darwin, somos seres em constante evolução, pois aprendemos com os nossos erros e só os mais fortes e espertos sobrevivem. Eu confesso que tenho  nadado contra a maré, não consigo evoluir e deixar de acreditar nas pessoas, mesmo sabendo que posso ser usado, manipulado, ferido e segundo Darwin, extinto. Não faz muito tempo e perdi um grande amor para a vida. Motivos: imaturidade em resolver as diferenças de forma sensata, insensatez, pressa, falta de carinho e a grande capacidade humana de querer que o outro viva de acordo com o seu ponto de vista. Fiz a promessa de jamais confiar em outra pessoa novamente. Tolinho!!! Não adiantou nada, acabei quebrando essa promessa novamente. E, a cada vez que isso acontece, tenho medo de querbrar essa promessa.

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Tenho hoje alguns amigos dos quais confio plenamente e pelos quais, tenho muito estima. A verdade é uma só, não sei quanto a vocês, mas não sei viver sem amigos. Aconteceu como se fosse ontem: partiram meu coração, ainda procuro os pedaços, mas sei que não deixarei de amar da forma a qual eu amei.
É a minha natureza: amar é se entregar totalmente a pessoa amada. Eu sei, preciso evoluir. Preciso criar máscaras, barreiras e defesas para não me machucar novamente. Preciso manipular, usar, mentir e manter o jogo, se quiser ser feliz no amor. O problema é que quando eu amo, eu arrisco mesmo, mas jogo pra vencer. Tudo bem, você agora pode jogar na minha cara que fui abandonado pelo meu amor, e ai? Te digo: Podemos ter tudo o que queremos, mas, tudo o que for pra gente mesmo. Amar é dar a cara às tapas, mostrar suas verdadeiras cores, admirar e cuidar bem de quem está ao seu lado, ter carinho, ser incondicional, mesmo que seja por uma semana, um dia. Amizade é compartilhar, se abrir, falar um monte de besteira e até chorar, mas acima de tudo confiar. Tanto no amor quanto na amizade, não dá para estar ao lado de alguém só pela metade. Não adianta “To have and not to hold”. Precisamos estar plenamente com as pessoas que gostamos. Se elas não agem assim conosco, o problema é delas, não nosso.

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Não podemos mudar quem somos, por causa da atitude e opinião dos outros. Osho, um sábio indiano, que era muito louco e iluminado ao mesmo tempo, costumava dizer : “Esteja Pleno. Quando conversar com os seus amigos, seja a própria conversa. Quando beijar quem vocês amam, seja o próprio beijo.” É, o cara sabia mesmo! Sim, estar plenamente com alguém deveria ser obrigatório, mesmo que isso não seja suficiente. Sim, eu sei! Precisamos estar bem treinados para montar  nesse cavalo selvagem chamado amor, nesse touro indomável chamado amizade, mas como não nasci mesmo para ser boiadeiro, nem cavaleiro; continuo tentando olhar no olho desses bichos e me comunicar, mostrar que eles não precisam temer. Apesar da dor cavalgar junto com o prazer, montar nesses animais não tem nada a ver com poder e sim com respeito. Por isso e talvez por pura teimosia, não uso esporas, chicotes ou laços e mesmo que eu caia de novo, não vou mudar, vou me levantar e recomeçar tudo de novo.

Reiventar-se, ainda que tenha usado isso.
Ousar sonhar, mesmo que para isso não se pague nada.
Manter-me na minha curta maneira.

~ por Marcos Ciccone em 29 de junho de 2008.

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